quinta-feira, 30 de outubro de 2014

letes go

    p/ mario de andrade

a cólera do cão
do grande do grão cão
mastigando chicletes
lá nas ribas do letes
meditação por quê?
pois se está vendo vê
não é vida pra mim
é nem repouso o fim
não sou de gás ou gozo
que sou triste jocoso
nem um somenos nem
magia negra amém
então por que me gano
dum ganho por engano?
então por que esperança
se olvido por lembrança?

***

terça-feira, 28 de outubro de 2014

poética

o sentido pleno?
a mais grave agressão
um vupt de machado

sangue
tendões e músculos à mostra
em ruínas a certeza de que
contexto sem a
desvio

vupt de novo
e dá-lhe plenitude

***

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

marinha

vai ver e se vier
ou em ondas ou talvez
pode ser que não venha
uma gota
um grânulo

na maresia
um gosto de sal
que sua
saliva
lembra?

se vier
virá
virá pela noite
o vento que canta
o golfo que é longe
o farol o farol o farol
aqueles ROCHEDOS
prenúncios de fim

***

domingo, 12 de outubro de 2014

pontuando

eu sou estranho ponto
concordo contigo
contudo
um mas de ressalva dois pontos

ninguém se meteu em mais acidentes
o mico
o risco
o pulo para sempre
os companheiros de viagem amarelando

sabe
(aqui lágrimas)
eu caminhei por onde sabe
eu amei
eu bebi
eu sofri
eu vivi

eu ainda estou vivendo caralho ponto de exclamação

***

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

vela

permeio galerias de intimidades com o sorriso de um anjo decaído porque as ruínas 
sobrelevantam o caos e a dignidade. detesto luz solar, ademanes da senda, esoterismo, 
magia negra, tudo o que me transporte para o zelo de um altar. em nem ilha nem aquipélago, 
desatino nu, por dentro, na sabedoria que se adquire aos cabelos negros e perfumados
daquela menina com bicos de seios roseados, túmidos. eu vejo nos motivos pictóricos o que 
uma sala de oração, incensada, desespera.
espelhos de imersão. o mar que nunca me chega no limite bastante.
caminho sobre meus ossos enquanto minhas asas voam.
deserdado por mim.
onde me encontro? família.

***

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

amálgama

aquele que vai
o que chora. ai
o que se perdeu
aquele não eu
será que não sei
ele sou eu ei
eu vou irei fui
em lágrimas ui
e darei a mão
a mim meu irmão
iremos aqui
partiste parti
um tu por você
amálgama quê
amálgama sim
amálgama fim

*** Poema sob inspiração da música "How to disappear completely", da banda Radiohead.