sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Do testamento

Em escapulida, tentávamos o deserto. De través.
E, grávida de mim,
mãe.

Não,
meu nome não será Jesus,
Cristo não será meu sobrenome.

Eu nasci.

Quando cresci, todos faziam questão de revelar como se fosse
uma vetusta antologia de inéditos,
desdobravam.

O barbudo da frente subiu montanhas.
Ele trouxe lâminas enormes de pedra.
Ele disse que eram escritos sagrados.
Ele falava com Javé. O Próprio.

Um dia, fantástico, quando da fuga,
o barbudo meteu o cajado no chão,
absorto. O mar se abriu.

Eu nunca, para ser sincero, cheguei a compreender direito.

Mas, apenas para manter a tradição, eu amo.

***